7 lugares para descartar roupas

 

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FOTOS MARTÍN BERNETTI/ AFP

A foto acima é do deserto do Atacama no Chile. Cerca de 59 mil toneladas de roupas de todos os lugares do mundo são enviadas pra lá, com a ideia de serem comercializadas, mas na prática, desse número, 39 mil toneladas viram lixo. São roupas com defeito que chegam de todos os lugares do mundo, principalmente Estados Unidos e Europa. O volume de roupas já está tão grande que pode ser visto até do espaço.

Só o Brasil descarta 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. E aí inclui também peças de couro, as roupas e retalhos da indústria da moda. Só na região do Brás, polo da industria têxtil em São Paulo, cerca de 16 caminhões de lixo são usados por dia, o que equivale a 40 toneladas.

Quando você joga uma roupa no lixo comum, ela vai parar no aterro sanitário ou no lixão e fica lá por muitos anos contanimando o solo e produzindo gases que contribuem para o efeito estufa e o aquecimento global. Lembrando que o funcionamento dos lixões são proibidos no Brasil desde 1991, mas na prática ainda existem por volta de 2500 lixões que recebem 40% dos resíduos de todo o país. 

Você conhece a diferença entre lixão e aterro sanitário? Basicamente, no aterro sanitário o lixo é diariamente coberto por terra e distribuido em camadas de acordo com seu tipo. O solo e os lençois freáticos são protegidos por contaminação através de uma membrana impermeável. Existe um tratamento do chorume, que é aquele líquido formado pelos resíduos, e a captação e queima de gás metano. Já o lixão é simplesmente um espaço a céu aberto onde o lixo é jogado direto na natureza sem nenhum tipo de cuidado, acumulando mal cheiro, animais e alto risco de contaminação do solo e dos catadores. Por isso devemos buscar alternativas para que nossas roupas não vão parar nesses lugares.

Além das opções de usar a roupa como pano de chão, doar, reestilizar ou revender, tem algumas iniciativas de empresas que tentam ao menos minimizar esse problema:

1 - Puket 

A Puket tem o projeto Meias do Bem. Eles recolhem meias nas lojas que tem por todo o país e elas são transformadas em cobertores para pessoas em situação de vulnerabilidade. Desde 2013 eles já recolheram mais de 1.600.000 meias.

2 - Ong Florescer

O Recicla Jeans é um dos projetos da ONG Florescer, que cuida de crianças na comunidade de Paraisópolis em São Paulo. Eles recebem peças jeans por doação e no processo de produção de novos produtos, eles dão formação profissional e empregam cerca de 60 jovens.

3 - O Banco de Tecido

Se você tem algum tecido como toalha de mesa ou retalhos de cortinas, você pode levar até o Banco de Tecidos. Lá vc recebe créditos por quilo de tecido depositado e pode trocar por outros tecidos. Se vc não precisa comprar tecido, acho que vale a pena deixar lá mesmo assim né.. melhor do que jogar no lixo.

4 - C&A

A C&a tem o Movimento ReCiclo, que abrange um leque maior de opções de peças pra descartar. O detalhe é que essa página que marcamos no link é até difícil de achar dentro do site e está em inglês, ou seja, passa a impressão de que falta um cuidado maior na divulgação do projeto e na acessibilidade da página. Para facilitar, traduzi aqui o que pode e o que não pode levar lá:

Pode: roupa de cama e mesa, roupas/tecido rasgado, tecidos em pedaços, maiôs, biquínis, cangas de praia, artigos de lã e crochê, bonés e lenços.

Não pode: chapéus e acessórios de cabelo, calçados, artigos de couro ou similares, joia, brinquedos como bonecas ou ursinhos de pelúcia, roupas íntimas e toalhas, uniformes de marca.

5 - Renner 

O programa Ecoestilo da Renner, oferece nas lojas móveis coletores para descarte de embalagens, frasco de perfumes e produtos de beleza, comprados em qualquer lugar. E desde 2017 eles passaram a receber roupas também. 

6 - Havaianas

As lojas Havaianas tem o reCiclo. As pessoas levam as sandalhas velhas até a loja e em parceria com uma startup, eles fazem tapetes, pneus ou obras de arte.  

7 - Cotton Move

O Cotton Move é um aplicativo facilitador aí que reune os principais pontos de descarte de roupas em fim de ciclo, de acordo com a sua localização. São cerca de 430 pontos espalhados por todo o Brasil.

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Lembrando que antes de levar, vale o bom senso, né? É bom que as peças estejam higienizadas e que você sempre dê um confere em cada lugar pra saber se tem alguma restrição e não correr o risco de levar algo que não vai ser aceito. Ou mesmo ver se o projeto ainda está em funcionamento. Durante a pesquisa a loja Leninha coletava roupas de baixo para usar como recheio de novas almofas, mas a marca acabou e tive que retirar a opção do texto.

É legal também ir no site da marca que você compra e ver se tem alguma página de sustentabildiade porque de repente pode ser que eles tenham alguma ação que você não sabe e acaba não utilizando por falta de informação. 

O problema estrutural dessa industria é enorme e a solução tá muito longe de ser única, mas se cada um fizer sua parte, a gente vai contribuir para alguma melhora e por menor que ela seja, significa: estou fazendo aquilo que é certo. E é uma pena que nem todo mundo se importa em fazer aquilo que é certo, né?

Mas aos poucos a gente falando cada vez mais sobre o assunto e assim ajudando a criar essa mentalidade.

Depois que postei um vídeo sobre o assunto no TikTok, recebi um comentário dizendo: Eu moro no interior e aqui não tem essas lojas, como eu faço? A resposta é simples: não faz. Infelizmente se a cidade não tem a estrutura necessária, fica mais complicado, mas devemos lembrar que se essa pessoa comprar uma roupa morando no interior, ela consegue, ou seja, da mesma forma que a roupa entra, ela deveria conseguir sair, porém pouquíssimas lojas tem essa opção de logística reversa e por isso o questionamento diretamente com a empresa ou mesmo à prefeitura da cidade para idealizar algum projeto, é muito importante.

É evidente que o esses sete lugares não conseguem abranger o país inteiro, mas o texto serve como um lembrete de que existem opções e é também nosso dever procurar na nossa cidade se existe alguma iniciativa nesse sentido.

A solução está nas mãos de todos.

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